segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Nosso Planeta Azul e a mistura Ozônio/Oxigênio, sustentáculo da Vida na Terra.



Efeitos antibacterianos de um novo medicamento - o óleo ozonizado - comparados às pastas de hidróxido de cálcio. PARTE 4 (4/4)
ISSN 00347272
Matéria publicada pela: ozoniobras

O hidróxido de cálcio associado ao PMCC e à glicerina apresenta pronunciada eficácia antibacteriana, como tem sido demonstrado por diversos trabalhos (18,19,21). Para SIQUEIRA et ai (20), nesta associação, o hidróxido de cálcio funciona como veículo, permitindo uma liberação lenta e controlada de PMCC para o meio, o suficiente para ter ação contra bactérias localizadas em áreas mais distantes da luz do canal principal. Isto é importante pois o PMCC na forma pura é extremamente citotóxico. Contudo, esta associação é biocompanvel quando em contato com os tecidos perirradiculares (17). A glicerina associada dilui a concentração do paramonodorofenol existente no paramonodorofenol canforado. Abiocompatibilidade da assodação H/P/G pode ser devido ao fato de que os efeitos sobre os tecidos perirradiculares sejam provavelmente associados ao efeito antimicrobiano da pasta, o qual permite que o reparo natural ocorra sem irritação infeciosa persistente. Se a área da ferida estiver isenta de micro organismos, quando a irritação química de baixa intensidade e transitória ocorrer, não há razões para se acreditar que o reparo tecidual não irá ocorrer, quando tal agressão for reduzida em intensidade (quando da remoção da medicação) (17).
No presente estudo, a associação do hidróxido de caldo, com volumes iguais de PMCC e glicerina, apresentou, em média, halos de inibição significativamente maiores do que a proporção 1:2 das mencionadas substâncias. Isto ratifica o fato de que a atividade antibacteriana da associação é proporcional à concentração de PMC existente (21).
O óleo de girassol ozonizado foi o medicamento que apresentou maior halo de inibição de crescimento bacteriano. Estudos também revelaram resulta- dos satisfatórios quando o óleo ozoniza- do foi submetido a testes de toxidade, tais como LD 50 (oral e intra-peritoneal), irritação oftálmica e dérmica e foto- toxidade, além dos ensaios de teratogenicidade e mutagenicidade(3,11,14).
O óleo de girassol é rico em ácidos linoléico e oléico, que possuem ligações duplas em maior proporção na posição nove da cadeia carbônica. Estas ligações apresentam alta afinidade pelo ozônio. A ozonização dos ácidos insaturados (linoléico e oléico) do óleo de girassol forma os ozonídeos. A hidrólise do óleo ozonizado pode gerar aldeídos, cetonas e peróxido de hidrogênio (25).
Embora não seja um radical livre, o peróxido de hidrogénio se comporta como tal. Ele atua como oxidante por gerar radicais hidroxila, os quais atacam componentes celulares essenciais, como lipídios, proteínas e áddos nudéicos. Assim, seu efeito antimicrobiano pode se dar ao nível de membrana cistoplasmática bacteriana, por oxidação de enzimas e por danos ao DNA (7). Aldeídos possuem atividade antimicrobiana, de- vido à indução de ligações cruzadas em proteínas, inibindo vários sistemas enzimáticos essenciais para a sobrevivência da célula. Sua atividade antibacteriana também pode ser resultado do efeito alquilante sobre carboxilas, sulfidrilas e hidroxilas, presentes em ácidos nudéicos e/ou proteínas. Ácidos graxos insaturados possuem efeitos antimicrobianos, os quais podem ser devido à incorporação na membrana cistoplasmática, induzindo perturbações estruturais letais, por romperem a integridade da membrana e permitir o vazamento de constituintes intracelulares, além de inibir a aquisição de substrato (aminoácidos) (15). As- sim, a atividade antimicrobiana do óleo de girassol ozonizado pode resultar da ação de aldeídos, ácidos graxos insaturados e, principalmente, do peróxido de hidrogênio formado.

Outro mecanismo de ação proposto para o óleo ozonizado é baseado no paradoxo da participação do oxigênio nas funções vitais, pois, apesar do oxigênio ser fundamental para algumas células e alguns tipos de microorganismos (principalmente no metabolismo energético), para outras, desprovidas de sistemas de proteção anti-oxidante, este pode apresentar efeitos letais (22). Mesmo para os microorganismos que possuem tais sistemas, o excesso de oxigênio e de seus derivados pode também ser alta- mente lesivo. Tal fato poderia explicar a susceptibilidade de bactérias anaeróbias estritas testadas neste experimento. Destarte, o óleo ozonizado apresentou excelente   atividade   antimicrobiana quando comparado com as demais substâncias testadas. Tais achados geram um potencial para a sua utilização como medicação intracanal. Todavia, outros estudos, avaliando biocompatibilidade, tempo de atuação e propriedades físico- químicas, além do teste de uso, são necessários para que esta substância seja efetivamente indicada para uso clínico. Estudos de nossos laboratórios encontram-se em andamento tencionando avaliar muitas destas propriedades.

Tabelai- Diâmetros dos halos de inibição do crescimento bacteriano dos medicamentos testados (em milímetros).


Referências Bibliográficas                                                     

1. BOCCI, V. et ai. Studies on the biologjcal effects of ozone 6. Production of transforming growth factor by human blood after ozone treatment. /. Biol. Regul. Homeost. Ag., v. 8. p.108-12, 1994.
2. DIFIORE, P.M. et ai. The antibacterial effects of calcium hydroxide apexification pastes on Strepto- coccus sanguis. Oral Surg., Oral Med., Oral Pathol. v.55, p.91-4, 1983.
3. FERNANDEZ, I. et ai. Evaluación mutagénico dei aceite ozonizado administrado intragastricamente. I Conferencia Nacional de Aplicaciones dei Ozono. CNIC, diciembre, 1988.
4. GÓMEZ, M. et ai. Efecto de Ia substitución dei aceite de oliva por aceite de girasol sobre Ia actividad antimicrobiana de aceites ozonizados. Revista CENIC Ciências Químicas, v. 20, 1-2-3, p. 121, Enero-Diciembre, 1989.
5. LEONARDO, M.R. et ai. Avaliação in vitro da atividade antimicrobiana de pastas utilizadas em Endodontia. Rey. APCD, v. 53, p.367-370, 1999.
6. LOPES, H. P., SIQUEIRA Ir, I. F. Endodontia: biologia e técnica. Rio de Janeiro: Medsi, 1999.
7. McDONNELL, G., RUSSELL, A.D. Antiseptics and disinfectants: activity, action, and resistance. Clin. Microbiol. Rev., v.12, p.147-79, 1999.
8. OHARA, P. et ai. Antibacterial effects of various endodontic medicaments on selected anaerobic bactéria. /. Endod., v.19, p. 498-500, 1993.
9. RILLING, S. The possibilities of medicai ozone applications in light of the historical development of ozone therapy. Ozonachrichten, v.2, p. 27-39, 1983.
10. RODRIGUES, L B. et ai. Efectos dei ozono en el tratamiento de Ia gingivoestomatitis herpética aguda. Rev. Cubana Estomatol. v.31, n.l, p.14-17,1994.
11. RODRIGUEZ, M.D. et ai. Estudo teratogenico dei aceite ozonizado. Anais Primer Congresso Iberolatinoamericano de Aplicaciones dei Ozono. CNIC-CIMEQ, 31 de octubre - 3 de noviembre, 1990.
12. ROKTTANSKY, O. Clinicai considerations and biochemistryof ozone therapy. Hospitalis, v.52, p.643,
1982.
13. SANDHAUS, S. Die ozonanwendung in der Zahn, Mund und Kieferheilkunde, (La utilización dei ozono en Ia terapia de Ia boca, dientes y man- díbula). Zahnàrztl Praxis, XX, p.23-24, 1969.
14. SANSEVERINO, R. Aspetti imunologici dellózonoterapia. Rev. itaLOmotossicol. v.3, p.19-24, 1989.
15. SHAPIRO, S. The inhibitory action of fatty acids on oral bactéria. Oral Microbiol. Immunol. v.5, p.350-5, 1996.
16. SIQUEIRA Jr, J.F., LOPES, H.P. Estudo compara tivo da atividade antimicrobiana de medicamentos intracanais através do contato direto e à distância. Rev. UFES, v.l, p.60-4, 1999.
17. SIQUEIRA Jr, J.F., LOPES, H.P. Mechanisms of antimicrobial activity of calcium hydroxide: a critical review. Int Endod. J. v.32, p.361-9, 1999.
18. SIQUEIRA Jr, J.F., UZEDA, M. Disinfection by calcium hydroxide pastes of dentinal tubules infec- ted with two obligate and oqe facultative anaerobic bactéria. /. Endod., v. 22, p. 674-6, 1996.
19. SIQUEIRA JIÍ J. F. et ai. Atividade antibacteriana da pasta de hidróxido de cálcio/PMCC/glicerina contendo diferentes proporções de iodofórmio sobre bactérias anaeróbias estritas e facultativas. Rev. Paul. Odontol. v. 19, p. 17-21, 1997.
20. SIQUEIRA Ir, J.F. et ai. Atividade antibacteriana de medicamentos endodônticos sobre bactérias anaeróbias estritas. Rev. APCD, v. 50, p. 326-
32, 1996. antibacteriana de medicação intracanal. Três bases fortes e pastas à base de hidróxido de cálcio e paramonoclorofenol canforado. Rev. Gaúcha Odontol. v.44, p. 271-4, 1996.
21. SIQUEIRA Ir, I.F. et ai. Avaliação da atividade    antibacteriana de medicação intracanal. Três bases fortes e pastas à base de hidróxido de cálcio e paramonoclorofenol canforado. Rev. Gaúcha
Odontol. v.44, p. 271-4, 1996. 
22. SIQUEIRA Jr, J.F. Tratamento das infecções endodônticas. Rio de laneiro, Brazil: Medsi, 1997.
23. VON STREICHSBIER, F. H. et ai. Microbiological investigations with ozonized olive oil. Fette Seifen Anstrichmittel, v. 84, p.304-309, 1982.
24. WASHUTTL, )., V1EBAHN, R. Ozoniziertes olivenõl. Fusammensetzungund desinfizierende wirksamkeit. Ozonachrichten, v. 1, p.25-9, 1982.
25. ZAPPI, E. Tratado de química orgânica. Buenos Aires: El Ateneo, 1952.