CONTINUANDO A DIVULGAÇÃO DE TRABALHOS CIENTIFICOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DE OZONIO PÚBLICAMOS NESTA EDIÇÃO O TRABALHO DE
Camila Maria Sene Sanchez
Camila Maria Sene Sanchez
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E BIOLÓGICAS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
A UTILIZAÇÃO DO ÓLEO OZONIZADO PARA O TRATAMENTO TÓPICO DE
LESÕES EM PORQUINHO DA ÍNDIA (CAVIA PORCELLUS)- RELATO DE CASO
Camila Maria Sene Sanchez
2008
Aluna do Curso de Especialização em Clínica Médic e
Cirúrgica de Animais Selvagens da Universidade Castelo Branco
Trabalho monográfico de conclusão do curso
de Especialização em Clínica Médica e
Cirúrgica de Animais Selvagens,
apresentado à UCB como requisito parcial
para a obtenção do título de Especialista em
Clínica Médica e Cirúrgica de Animais
Selvagens, sob a orientação do Prof. Dr.
Clayton B. Gitti.
INTRODUÇÃO
O gás ozônio foi descoberto no século XIX e desde então é amplamente
utilizado em diversas áreas; como na cura de muitas enfermidades, no tratamento
de água, potente anti-séptico em hospitais, higienizador de alimentos, além de
outros. Os incidentes que ocorreram com a ozonioterapia foram devidos sua
utilização inadequada, por pessoas despreparadas. Esta terapia tem obtido
excelentes resultados quando aplicada corretamente.
O Ozônio possui diversas ações biológicas e propriedades terapêuticas. É
um gás instável e extremamente reativo. Os mecanismos através dos quais esse
gás atua, estão diretamente relacionados com os produtos gerados pela interação
seletiva desse gás com componentes orgânicos presentes no plasma e membrana
celular. (GARCIA et.al, 2008a)
A ozonioterapia na medicina veterinária vem lentamente ganhando espaço
em algumas universidades e pouquíssimas clínicas no Brasil e em outros países,
como uma nova opção de tratamento dos animais domésticos, ainda não há
trabalhos documentados sobre a aplicação deste tratamento em animais silvestres,
embora alguns profissionais já relataram a utilização da ozonioterapia em aves,
répteis e mamíferos com sucesso.
Este trabalho objetiva realizar um levantamento bibliográfico da
ozonioterapia, através de um relato de caso freqüente na clínica pet de animais
silvestres, com intuito de mostrar uma nova alternativa de tratamento eficaz e
economicamente viável na clínica de animais exóticos.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
HISTÓRIA
O gás ozônio foi descoberto em 1840 na Suíça por Christian Friedrich
Schobein enquanto trabalhava com alta eletricidade na presença de oxigênio, ao
ser produzida uma descarga elétrica detectou a formação de um gás de odor
desagradável. Werner Von Siemens, em 1854, construiu o primeiro gerador de
ozônio, refazendo as condições de formação desse gás. Nessa época já estava
certo de que o ozônio era instável, tendo que ser produzido e logo em seguida
utilizado. (BOCCI, 2005)
Com a construção de geradores de ozônio iniciou-se sua utilização na
aplicação industrial, ou mesmo para a limpeza da água, provando sua potente ação
bactericida. (BOCCI, 2005)
Em 1906, na França, foi realizado um experimento com vegetais aplicando
água ozonizada. Desde então o ozônio tem sido utilizado para o tratamento de
água potável na Europa, sendo comprovado que não há perda das características
organolépticas. Já a respeito dos microorganismos a ação do ozônio é tão eficaz
quanto o cloro, que é utilizado usualmente.(GARCIA et.al, 2008a)
A ozonioterapia na medicina foi aplicada pela primeira vez na primeira
guerra mundial em soldados alemães com gangrenas pós-traumáticas, obtendo
grande sucesso. (BOCCI, 2005)
O sistema do gerador criado por Siemens utilizando descarga elétrica, após
ter sido adaptado por Hansler em 1950 para o uso médico, dosava a quantidade
certa da concentração do ozônio. Este fato foi decisivo para a ozonioterapia, já que
era preciso uma dose correta do ozônio para cada aplicação, este vem
acompanhando até hoje a fabricação dos geradores de ozônio modernos.
A partir de 1960 o mundo conhecia a ozonioterapia. Com isso suas
propriedades antiinflamatórias, anti-sépticas e circulatórias, entre outras, foram
expostas. 10
Em 1984 a utilização da auto-hemoterapia foi proibida em várias partes do
mundo devido à utilização inadequada desta por pessoas despreparadas, que em
alguns pacientes causaram embolismo pulmonar e até mesmo a morte. Em muitos
estados dos Estados Unidos a ozonioterapia foi proibida devido a esses
acontecimentos, influenciando negativamente para o seu desenvolvimento.
O OZÔNIO NO MEIO AMBIENTE
O ozônio é uma molécula natural, instável, composta por três átomos de
oxigênio; é formado durante uma reação endotérmica reversível que consome 68,4
calorias, no ambiente essa reação é catalisada pelos raios UV, que são absorvidos,
com isso o ozônio controla a irradiação destes, protegendo os sistemas biológicos
na Terra. É considerado um agente oxidante, altamente reativo, que se decompõe
espontaneamente. Dentre os agentes oxidantes o ozônio é o terceiro mais
poderoso, atrás apenas do flúor e persulfato. (BOCCI, 2005)
O ozônio está presente na atmosfera terrestre, sendo encontrado na
estratosfera em concentração máxima, já que a baixa temperatura diminui sua
degradação térmica. O oxigênio rarefeito, presente na estratosfera, é uma de suas
principais fontes.
Quando ocorrem tempestades, aonde há a passagem de elétrons entre a
superfície terrestre e as nuvens, trovões, raios e relâmpagos, há a transformação
do oxigênio em ozônio de um jeito semelhante ao que ocorre na estratosfera,
podendo ser detectado através do olfato dependendo da distância. Decorrente da
temperatura da região, as concentrações de ozônio voltam ao normal rapidamente.
O tempo de vida da molécula de ozônio está diretamente relacionado à
temperatura. Quanto maior a temperatura ambiente menor o tempo de vida do
ozônio, consequentemente seu poder de ação. Como exemplo, a meia vida do
ozônio é de 140 minutos a 0°C, já a 20°C atinge apenas 40 minutos. (OLIVEIRA,
2008 e BOCCI, 2005 )
Outra fonte de ozônio de grande destaque é a poluição, denominado ozônio
antropogênico, sendo os veículos e as indústrias os principais produtores.
Normalmente na natureza existe o controle natural entre a reação de formação do
ozônio e de sua dissociação. Mas infelizmente, conseqüente à poluição, este
equilíbrio tem sido diretamente afetado. A contínua emissão de gases poluentes
como monóxido de carbono, dióxido de carbono, enxofre, entre outros só tem
favorecido para que o nível de concentração de ozônio aumente, causando uma
sobrecarga na atmosfera e gerando uma taxa de toxicidade. Já os derivados do
CFCs (cloro, flúor e carbono) são capazes de destruir milhares de moléculas de
ozônio. (BOCCI, 2005 e OLIVEIRA, 2008)
Poucos sabem que depois de oito horas, seus resíduos já não existem
mais, enquanto que o restante dos poluentes persiste no ambiente por meses e
anos. (OLIVEIRA, 2008)
O ozônio também é um medidor de poluição, sendo que sua presença em
excesso é prejudicial. Este só existe durante o dia devido os raios ultravioletas, já
durante a noite se transformam em oxigênio. (CASTELANI, 2008).
A CAMADA DE OZÔNIO: COMO É FEITA
A camada de ozônio é quem protege a terra dos raios ultravioletas,
absorvendo-os. Os raios solares atingem os átomos de oxigênio (O2) que em
grandes altitudes está rarefeito, dissociando-os; logo em seguida se reagrupam
formando a molécula de ozônio (O3). Isso ocorre uma vez que os raios ultravioletas
catalisam a produção de ozônio, resultando no controle da irradiação. (OLIVEIRA,
2008)
FABRICAÇÃO DO OZÔNIO
A utilização do ozônio para fins medicinais necessita da presença de
oxigênio medicinal (oxigênio puro), evitando assim possíveis presenças de outros
gases provavelmente tóxicos. Ao gerar o ozônio teremos uma variação de
concentração entre oxigênio e ozônio sendo de até 95% de oxigênio e 5% de
ozônio. Por essa razão o médico precisa ter um gerador de ozônio seguro, atóxico,
com material resistente a sua disposição. (OLIVEIRA, 2008)
O gerador funciona da seguinte maneira: oxigênio passa por uma descarga
elétrica, chamada descarga corona, onde algumas moléculas de oxigênio são
quebradas dando origem à formação do oxigênio atômico, e este ao se juntar ao
oxigênio molecular dá origem à molécula de ozônio. A concentração de ozônio
depende do fluxo de oxigênio e de parâmetro elétricos do gerador de ozônio. Estas
concentrações são aferidas por métodos fotométricos, dando com resultado uma
tabela de concentração ou indicadores digitais da concentração de ozônio.
(www.ozonelife.com.br, acesso em 15/07/2008)
FONTE: http://www.ozonelife.com.br/ciclodaformacaodeozonio.html-15/07/2008
O gerador de ozônio precisa ser feito com materiais resistentes ao ozônio,
como por exemplo, silicone, para que a máquina não seja tóxica. É essencial que
ocorra a medição, em tempo real da concentração de ozônio, realizado através de
um fotômetro. O ozônio não usado precisa ser destruído, decomposto em oxigênio,
através de uma reação catalítica presente no eliminador.
Graças aos avanços tecnológicos, os geradores de ozônio têm sido
fabricados contendo um display digital fornecendo os dados da máquina. Porém
seu fotômetro ainda precisa ser calibrado de tempos em tempos.
A concentração do ozônio é sempre medida em mcg/ml e o volume a ser
administrado em ml.
MECANISMO DE AÇÃO DO OZÔNIO
A utilização do ozônio medicinal é definida como uma terapia oxidativa que
gera um estresse oxidativo, resultando na produção do efeito antioxidante pelo
organismo, visando à melhora do paciente. (OLIVEIRA, 2008)
É uma substância que apresenta a capacidade de oxidação quando, através
de uma reação química, consegue passar um elétron próprio para outra
substância. (OLIVEIRA, 2008)
Ao se encontrar com um tecido biologicamente ativo o ozônio reage com
inúmeras biomoléculas que, agrupadas, formam um sistema de tamponamento
antioxidante. A maior parte dessas biomoléculas tem papel antiinflamatório e
analgésico que agem de forma simultânea à ação antioxidante.
O ozônio, em relação ao oxigênio, é dez vezes mais solúvel, tendo uma
maior capacidade para se difundir e penetrar nos tecidos, assim como para se
dissolver no plasma sanguíneo e nos fluidos extracelulares, porém o ozônio não
permanece estável nesses meios líquidos, já que é um potente oxidante, acabando
por reagir imediatamente com moléculas presentes nesses meios, chamadas de
antioxidantes, proteínas, carboidratos e ácidos polinsaturados. (BOCCI, 2005).
Esta reação do ozônio com as moléculas do organismo é separada em dois
processos:
- O primeiro pode ser chamado de reação inicial do ozônio: a molécula de
ozônio é oxidada pelo ácido ascórbico, grupos de proteínas sulfidrila e
glicoproteínas. Esta primeira reação é importante porque geram espécies reativas
de oxigênio (ROS). ROS são neutralizadas no máximo em um minuto pelo sistema
antioxidante.
- A segunda reação é caracterizada como peroxidação lipídica. No plasma
hidrofílico, uma molécula de olefin (partícula de ácido aracdônico presente no
plasma de triglicérides) e uma molécula de ozônio geram duas moléculas de
aldeídos e uma molécula de peróxido de hidrogênio. Essas duas reações,
completas em segundos, geram peróxidos de hidrogênio e uma variedade de
aldeídos que são produtos lipídicos oxidantes (LOPs).
A partir deste fato sabe-se que não é o ozônio, mas sim as ROS e LOPs
responsáveis pela sucessiva multiplicação de reações bioquímicas que acontecem
em diferentes células por todo o organismo. O ozônio é eliminado pelos
antioxidantes presentes no plasma e a segunda reação a responsável pelos efeitos
terapêuticos. (BOCCI, 2005)
Apenas concentrações submicromolares de LOPs em diversos tipos
celulares podem estimular a proliferação e a atividade bioquímica, sendo que a
toxicidade depende da concentração e da localização tecidual, portanto os LOPs
podem ser prejudiciais ou benéficos. Mas a toxicidade do LOPs em vivo tem se
mostrado praticamente irrelevantes, quando o tratamento é realizado corretamente
e de forma segura devido às seguintes razões: diluição muito rápida nos diversos
tecidos, fazendo com que sua concentração não alcance níveis tóxicos; a
neutralização destes por agentes antioxidantes é realizada efetivamente;
detoxicação quando associado com alguns tipos celulares; excreção biliar e renal;
bioatividade, já que possuem a capacidade de atuarem como mensageiros para o
Sistema Nervoso Central, informando quando há um estresse oxidativo mínimo,
gerando assim uma resposta de proteção. (BOCCI, 2005)
Outro fator decorrente da ação do ozônio é a diminuição da viscosidade
sanguínea. As plaquetas produzem um resultado semelhante, ou seja, a
ozonioterapia também exerce um efeito anti-adesivo e profilático contra trombos.
Muitas amputações podem ser evitadas com a ozonioterapia. (COPPOLA et.al,
1992)
A ação direta antimicrobiana contra bactérias, vírus e fungos que o ozônio
exerce, é devido a esses microorganismos não terem um sistema de
tamponamento antioxidante, portanto o estresse causado pelo ozônio, acaba
tornando-os frágeis. Já a ação microbicida indireta do ozônio é resultante das
mudanças metabólicas que este provoca. (PEREIRA et al 2005; WALSH et.al,
1980; WENTWORTH et.al, 2002).
Os peróxidos resultantes da reação do gás ozônio com dois carbonos
insaturados, presente em ácidos graxos, também são uma causa importante de
toxicidade, e atuam também nos grupos sulfidrilas de certas enzimas, resultando
na interrupção da atividade enzimática celular normal. No caso das bactérias, a
morte é rápida e é freqüentemente atribuída a mudanças na permeabilidade celular
seguida pela lise celular. Entretanto a lise, provavelmente não é por um mecanismo
primário de inativação, mas como conseqüência de uma alta concentração de
oxidante. (OLIVEIRA, 2008)
Como o ozônio tem sua meia vida curta, ele acaba por formar ozonídeos
que são definidos como espécies reativas de oxigênio, ou mesmo dos subprodutos
da oxidação lipídica. Estas espécies reativas de oxigênio são citotóxicas, tendo sua
meia vida bem curta. Com isso o risco é reduzido. (OLIVEIRA, 2008)
Concluindo, os efeitos biológicos do ozônio são: poder germicida, modulador
imunológico, ativador do metabolismo celular, indutor da produção de interferon e
citocininas, modulador do estresse oxidativo, melhora o metabolismo do oxigênio,
auxilia a hemostasia transoperatória, estimula vascularização, melhoria da
reparação tecidual. (CASTELANI, 2008 e DEBONI, 2008)
FONTE: http://www.ozonelife.com.br/potencialdeoxidacao.html
A UTILIZAÇÃO DO OZÔNIO NA MEDICINA
E. A. Fish foi o primeiro a colocar em prática o uso do ozônio em sua clínica
odontológica. (BOCCI, 2005)
O doutor E. Payr, cirurgião, com a utilização do ozônio tratou de gangrenas
e mais tarde provou a eficácia deste no tratamento cirúrgico. Posteriormente viria a
ser o primeiro a injetar o gás via venosa, bem lentamente com sucesso.
Infelizmente, pelo uso inapropriado do gás por indivíduos sem nenhuma prática,
tanto na ozonioterapia como na própria medicina, acabaram por condenar o uso do
ozônio em alguns países, após terem realizado a aplicação via venosa do gás
indevidamente e provocando a morte de indivíduos por embolismo. (BOCCI, 2005)
O sucesso da ozonioterapia depende que a dose e a concentração de
ozônio estejam corretas. Para que isso ocorra o gerador de ozônio deve estar
sempre em manutenção e calibrado corretamente. (BOCCI, 2005)
Os materiais utilizados para manusear o ozônio devem ser feitos de
componentes resistentes, como seringa de silicone. Atualmente existem lugares
aonde materiais que não são resistentes ao ozônio são utilizados para esta terapia,
gerando resultados questionáveis, e até não produtivos. (OLIVEIRA, 2008)
A ozonioterapia não é baseada em homeopatia, mas sim na farmacologia,
onde o ozônio age como uma droga real, que precisa ser usado com precisão.
As principais indicações da ozonioterapia na medicina são:
-Doenças infecciosas
-Doenças vasculares e isquêmicas
-Doenças oftálmicas
-Doenças ortopédicas
-Doenças dermatológicas
-Doenças pulmonares
-Doenças renais
-Doenças hematológicas
-Doenças neurodegenerativas
-Doenças auto-imunes
OZONIOTERAPIA NA MEDICINA VETERINÁRIA
O surgimento de outras opções de terapias para os animais deve-se
principalmente ao interesse veterinário em suprir as exigências dos animais pets e
de seus proprietários, que muitas vezes adquirem esses como mais um membro da
família, tanto os domésticos como os exóticos. A ozonioterapia veterinária vem
discretamente dando pequenos passos em diversos países, aumentando seu
campo de atuação, pois é economicamente viável, os tratamentos são menos
invasivos que os tradicionais, excelentes resultados na medicina humana e sem
efeitos colaterais quando aplicada adequadamente.
O ozônio tópico mostrou ser eficiente contra dermatomicoses, osteomielites,
feridas infectadas, fístulas e doenças do úbere de bovinos e eqüinos
(SARTORI,1994).
Em Buenos Aires, o médico veterinário G. C. VIGLINO (2008) utiliza
rotineiramente a ozonioterapia nas principais enfermidades que acometem os
eqüinos com grande êxito; como exemplo: abcessos, sinusites, sinovites,
inflamações, lesões teciduais, enfermidades isquêmicas vasculares como laminites
agudas, linfangites e feridas.
A ozonioterapia em Cuba é uma das mais desenvolvidas, tanto na medicina
humana quanto na veterinária onde já foram realizados tratamentos para
enfermidades como a parvovirose canina através da autohemoterapia maior e para
giardíase com a ingestão de óleo ozonizado, descritos por ZULLYT et.al (2008).
A, OGATA (2000), relata a aplicação intramamária de gás ozônio em mastite
clínica de vacas leiteiras com sucesso
Na Coréia entre diversos relatos, destaca-se o tratamento de hérnia discal em
cães utilizando o guia fluoroscópico para a aplicação do gás. (HAN et.al, 2007)
No Brasil a Universidade Federal de Uberlândia possui grande destaque no
desenvolvimento da ozonioterapia veterinária, publicando trabalhos que mostram o
sucesso desta terapia nas mais diversas enfermidades que acometem os animais,
destacando-se: (www.ozonimal.famev.ufu.br, acesso em 10/10/2008)
-Erliquiose canina utilizando autohemoterapia maior ozonizada de duas a três
vezes por semana, totalizando 10 sesões para cura total.
-Habronemose rostral em uma égua: o tratamento foi realizado com ozonioterapia
tópica de água e óleo e sistêmica com autohemoterapia. Houve gradativa formação
de tecido de regeneração em substituição a pele necrosada, com rápida redução
da área afetada e decorridos dois meses de tratamento, a regeneração tecidual e
cicatrização de quase toda a superfície lesada apontaram para a cura clínica do
animal.
-Dermatofitose em cães: apenas com aplicação tópica de óleo e água por 40 dias.
-Dermatofitose em rãs: administração tópica de óleo e água, sendo que as lesões
iniciais desapareceram na 2°semana.
-Efeito tóxico do ozônio em Camundongos através da inalação do gás ozônio.
-Tratamento de lesão entre boleto e canela de égua por arame farpado: com
aplicação tópica de óleo e água ozonizados associados com insuflação de ozônio
em bags.
Além de outros trabalhos como (www.ozonimal.famev.ufu.br, acesso em
10/10/2008):
-Avaliação da influência do ozônio sobre a microbiota do leite “in natura”
-Avaliação microbiológica do gás ozônio e da estufa a seco na esterilização de fios
cirúrgicos.
-O ozônio na descontaminação bacteriana da água de bebedouros de bovinos.
-Influência do borbulhamento com ozônio sobre a microbiota bacteriana superficial
e comportamento do carrapato. Boophilus microplus.
-Eficiência do borbulhamento com ozônio na esterilização de microorganismos
aeróbios mesófilos de ogivas de estetoscópios.
-O gás ozônio na descontaminação de ambientes cirúrgicos.
-A avaliação das microondas e do ozônio na esterilização de garrafas descartáveis
para cultivo celular.
-Avaliação microbiológica da eficiência do gás ozônio na esterilização de vacinas
autógenas contra fibropapilomatose bovina.
-Valores biométricos em cães submetidos à terapia inalatória com gás ozônio.
-Análise microbiológica comparativa entre estufa à seco e gás ozônio na
esterilização de materiais cirúrgicos.
-Estudo das alterações urinárias em cães submetidos à inaloterapia com ozônio.
-Avaliação microbiológica comparativa entre pastilhas de formol e gás ozônio na
esterilização de instrumentais cirúrgicos.
-Eficiência da ozonização na redução de Pseudomonas fluorescens inoculadas em
leite cru.
-Quantificação de ozônio no leite bovino “in natura”.
-Pesquisa de alterações oxidativas no leite bovino “in natura” ozonizado.
-Ação do borbulhamento dos gases ozônio e oxigênio sobre a redução de
Staphylococcus aureus e Escherichia coli inoculados em carne de frango.
-Utilização da água ozonizada como tratamento alternativo para cistite em cães.
-Eficiência do ozônio na redução de bactérias aeróbias mesófilas em efluentes de
matadouros frigoríficos.
-Características físico-químicas do leite bovino “in natura”submetido a diferentes
tempos de ozonização.
-Influência da ozonização sobre as bactérias mesófilas, bolores e leveduras e
staphylococcus coagulase positivo de salmouras para queijo.
-Efeito da autohemoterapia com sangue ozonizado no tratamento da anemia
infecciosa eqüina.
-Eficácia da insuflação da mistura gasosa O2 e ozônio no tratamento da mastite
subclínica em vacas em lactação.
-Influência do ozônio sobre a motilidade e mortalidade de carrapatos Boophilus
microplus e Riphicephalus sanguineus.
-Ação da mistura oxigênio/ozônio na descontaminação bacteriana de tanques de
piscicultura e sobre a fisiologia de rãs (Rana catesbeiana shaw).
-Avaliação da eficiência do ozônio na descontaminação bacteriana de tanques de
piscicultura e sobre a fisiologia de peixes ornamentais da espécie mato grosso
(Hyphessobrecon serpae).
-Ação do ozônio sobre os térmites (cupins) em pastagens degradadas.
-Utilização da mistura oxigênio/ozônio na descontaminação de termômetros de uso
veterinário.
-O gás ozônio na descontaminação de águas de esterilizadores de matadouros
frigoríficos.
-Influência do ozônio na inibição da evaginação de cistos de Taenia saginata.
-Eficiência da ozonioterapia na regeneração de lesões cutâneas em eqüinos- relato
de caso.
-Avaliação comportamental de baratas (Periplaneta americana) submetidas à
mistura oxigênio-ozônio em ambiente fechado.
MODOS DE APLICAÇÃO DO OZÔNIO MEDICINAL
O ozônio pode ser administrado por via endovenosa, oral, uretral, intraarterial,
intramuscular, subcutânea, insuflação retal e vaginal, autohemoterapia
menor, autohemoterapia maior, intrarticular, intraperitoneal, intrapleural,
intradiscal, intraforaminal no caso dos dentistas, intralesional quando houver uma
fistula ou abcesso, insuflação em “bags”, intramamária e através do uso tópico de
água e/ou óleo ozonizados. (BOCCI, 2005)
É proibida a utilização do ozônio por via inalatória devido seus efeitos
tóxicos na traquéia e brônquios; a aplicação direta do ozônio por via endovenosa e
intra-arterial também está proibida desde 1984 pela utilização inadequada desta,
pois quando grandes volumes são administrados em um pequeno intervalo de
tempo provocam êmbolos de oxigênio que podem levar a morte. (BOCCI, 2005)
Ao se encontrar com um tecido biologicamente ativo o ozônio reage com
inúmeras biomoléculas que, agrupadas, formam um sistema de tamponamento
antioxidante. A maior parte dessas biomoléculas tem papel antiinflamatório e
analgésico que agem de forma simultânea à ação antioxidante.
O ozônio, em relação ao oxigênio, é dez vezes mais solúvel, tendo uma
maior capacidade para se difundir e penetrar nos tecidos, assim como para se
dissolver no plasma sanguíneo e nos fluidos extracelulares, porém o ozônio não
permanece estável nesses meios líquidos, já que é um potente oxidante, acabando
por reagir imediatamente com moléculas presentes nesses meios, chamadas de
antioxidantes, proteínas, carboidratos e ácidos polinsaturados. (BOCCI, 2005).
Esta reação do ozônio com as moléculas do organismo é separada em dois
processos:
- O primeiro pode ser chamado de reação inicial do ozônio: a molécula de
ozônio é oxidada pelo ácido ascórbico, grupos de proteínas sulfidrila e
glicoproteínas. Esta primeira reação é importante porque geram espécies reativas
de oxigênio (ROS). ROS são neutralizadas no máximo em um minuto pelo sistema
antioxidante.
- A segunda reação é caracterizada como peroxidação lipídica. No plasma
hidrofílico, uma molécula de olefin (partícula de ácido aracdônico presente no
plasma de triglicérides) e uma molécula de ozônio geram duas moléculas de
aldeídos e uma molécula de peróxido de hidrogênio. Essas duas reações,
completas em segundos, geram peróxidos de hidrogênio e uma variedade de
aldeídos que são produtos lipídicos oxidantes (LOPs).
A partir deste fato sabe-se que não é o ozônio, mas sim as ROS e LOPs
responsáveis pela sucessiva multiplicação de reações bioquímicas que acontecem
em diferentes células por todo o organismo. O ozônio é eliminado pelos
antioxidantes presentes no plasma e a segunda reação a responsável pelos efeitos
terapêuticos. (BOCCI, 2005)
Apenas concentrações submicromolares de LOPs em diversos tipos
celulares podem estimular a proliferação e a atividade bioquímica, sendo que a
toxicidade depende da concentração e da localização tecidual, portanto os LOPs
podem ser prejudiciais ou benéficos. Mas a toxicidade do LOPs em vivo tem se
mostrado praticamente irrelevantes, quando o tratamento é realizado corretamente
e de forma segura devido às seguintes razões: diluição muito rápida nos diversos
tecidos, fazendo com que sua concentração não alcance níveis tóxicos; a
neutralização destes por agentes antioxidantes é realizada efetivamente;
detoxicação quando associado com alguns tipos celulares; excreção biliar e renal;
bioatividade, já que possuem a capacidade de atuarem como mensageiros para o
Sistema Nervoso Central, informando quando há um estresse oxidativo mínimo,
gerando assim uma resposta de proteção. (BOCCI, 2005)
Outro fator decorrente da ação do ozônio é a diminuição da viscosidade
sanguínea. As plaquetas produzem um resultado semelhante, ou seja, a
ozonioterapia também exerce um efeito anti-adesivo e profilático contra trombos.
Muitas amputações podem ser evitadas com a ozonioterapia. (COPPOLA et.al,
1992)
A ação direta antimicrobiana contra bactérias, vírus e fungos que o ozônio
exerce, é devido a esses microorganismos não terem um sistema de
tamponamento antioxidante, portanto o estresse causado pelo ozônio, acaba
tornando-os frágeis. Já a ação microbicida indireta do ozônio é resultante das
mudanças metabólicas que este provoca. (PEREIRA et al 2005; WALSH et.al,
1980; WENTWORTH et.al, 2002).
Os peróxidos resultantes da reação do gás ozônio com dois carbonos
insaturados, presente em ácidos graxos, também são uma causa importante de
toxicidade, e atuam também nos grupos sulfidrilas de certas enzimas, resultando
na interrupção da atividade enzimática celular normal. No caso das bactérias, a
morte é rápida e é freqüentemente atribuída a mudanças na permeabilidade celular
seguida pela lise celular. Entretanto a lise, provavelmente não é por um mecanismo
primário de inativação, mas como conseqüência de uma alta concentração de
oxidante. (OLIVEIRA, 2008)
Como o ozônio tem sua meia vida curta, ele acaba por formar ozonídeos
que são definidos como espécies reativas de oxigênio, ou mesmo dos subprodutos
da oxidação lipídica. Estas espécies reativas de oxigênio são citotóxicas, tendo sua
meia vida bem curta. Com isso o risco é reduzido. (OLIVEIRA, 2008)
Concluindo, os efeitos biológicos do ozônio são: poder germicida, modulador
imunológico, ativador do metabolismo celular, indutor da produção de interferon e
citocininas, modulador do estresse oxidativo, melhora o metabolismo do oxigênio,
auxilia a hemostasia transoperatória, estimula vascularização, melhoria da
reparação tecidual. (CASTELANI, 2008 e DEBONI, 2008)
FONTE: http://www.ozonelife.com.br/potencialdeoxidacao.html
www.ozone.br.vu |
http://velascomamor.blogspot.com.br/
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