A UTILIZAÇÃO DO ÓLEO OZONIZADO PARA O TRATAMENTO TÓPICO.
ESTUDO CIENTIFICO SOBRE A UTILIZAÇÃO DE OZONIO NA PELE.
Camila Maria Sene Sanchez
MODOS DE APLICAÇÃO DO OZÔNIO MEDICINAL
O
ozônio pode ser administrado por via endovenosa, oral, uretral, intraarterial, intramuscular,
subcutânea, insuflação retal e vaginal, autohemoterapia menor,
autohemoterapia maior, intrarticular, intraperitoneal, intrapleural, intradiscal,
intraforaminal no caso dos dentistas, intralesional quando houver uma
fistula
ou abcesso, insuflação em “bags”, intramamária e através do uso tópico de
água
e/ou óleo ozonizados. (BOCCI, 2005)
É
proibida a utilização do ozônio por via inalatória devido seus efeitos tóxicos
na traquéia e brônquios; a aplicação direta do ozônio por via endovenosa e intra-arterial
também está proibida desde 1984 pela utilização inadequada desta, pois
quando grandes volumes são administrados em um pequeno intervalo de tempo
provocam êmbolos de oxigênio que podem levar a morte. (BOCCI, 2005)
A via
subcutânea foi muito utilizada para fins estéticos com sucesso, porém a
aplicação inadequada de grandes volumes do gás na Itália por centros de beleza,
provocou a morte de duas mulheres (Março de 1998 e Dezembro 2002) pela
formação de êmbolos pulmonares, sendo desde então, proibida a aplicação da
ozonioterapia em centros cosméticos, além desta não ser mais bem vista para fins
estéticos. (OLIVEIRA, 2008)
Aplicação tópica
A aplicação tópica pode ser feita
através da utilização de água, óleo e cremes ozonizados. Possui baixo custo, elevada eficácia no combate de
vírus e bactérias, não possui
contra-indicação além do tempo de cicatrização ser inferior quando comparado aos tratamentos
convencionais. A aplicação do ozônio tópico desempenha ação anti-séptica e
estimulante da cicatrização já que promove a proliferação e remodelação de
células teciduais. (BOCCI, 2005)
A água
ozonizada é feita a partir de água bidestilada onde o gás ozônio é borbulhado
por pelo menos 5 minutos. A concentração final da água ozonizada é
um
quarto da concentração do ozônio aplicada. Esta pode ser utilizada até 110 horas
após a sua fabricação, desde que armazenada em garrafa de vidro fechada com
tampa de silicone e mantida na temperatura de 5°C, ou 9 horas a 20°C. (BOCCI,
2005).
A fabricação do óleo ozonizado solidificado necessita de dois dias
de gás ozônio borbulhado continuamente em óleo vegetal, fazendo com que um grama do óleo contenha 160mg de ozônio. Quando refrigerado possui validade de
dois anos.
O óleo
ozonizado também pode ser fabricado em menos tempo, ficando mais viscoso
e com menor duração. (BOCCI, 2005)
O efeito do ozônio sobre a pele se
deve à sua reação com ácidos graxos poliinsaturados e traços de água
presentes na camada superior da derme, gerando espécies reativas de oxigênio
(ROS) e lipooligopeptídeos (LOPS), entre os quais está o peróxido de hidrogênio
(H2O2). Somente ROS e LOPs formados a partir dessa reação
podem ser parcialmente reduzidos pelos antioxidantes enzimáticos da pele
(glutation oxidase, superóxido desmutase, catalase) e não enzimáticos de baixo
peso molecular (isoformas de vitamina E, vitamina C, glutation, ácido úrico e ubiquinol) ou serem parcialmente
absorvidos via endovenosa e por capilares linfáticos. As ROS são
os mais efetivos e naturais agentes contra os patógenos resistentes a
antibióticos. Além disso, melhora o metabolismo e as funções imunológicas, contribuindo para uma
recuperação satisfatória (WALACCH et al,
1993).
De
acordo com Sartori (1994), as indicações específicas para uso tópico do ozônio são
infecções de pele por: vírus como Herpes
simplex e Zoster; infecções bacterianas como impetigo, ectima contagioso por estreptococos B-hemolíticos e Staphylococcus aureus; infecções fúngicas por Trichophyton spp, Candidíase e Tinea versicolor; infecções
por protozoários especialmente Leishmanioses; infecções
parasitárias incluindo Escabioses por Sarcoptes scabei,
Pediculoses eLarva Migrans Cutânea de Ancylostoma brasiliensis; condições multifatoriais da pele
como acne, psoríase, eritemas, pênfigo e dermatites herpetiformes, além de condições
inflamatórias da pele tais como dermatites, eczemas e urticárias.
O óleo ozonizado também pode ser
administrado em cápsulas por via oral, supositórios, colírios, aplicado
diretamente no reto e vagina.
A água ozonizada
pode
ser utilizada em plantações com ação semelhante aos agrotóxicos, além da higienização
de frutas e verduras no domicílio. (BOCCI, 2005)
Aplicação injetável
Aplicação
intradérmica, intramuscular, intratendinosa e intrarticular do gás ozônio
utilizando uma seringa de silicone; indicada para enfermidades e dores localizadas.
(BOCCI, 2005)
Insuflação retal
A
insuflação retal é amplamente utilizada, pois é facilmente aplicada, além do
baixo custo e praticamente não oferece nenhum risco de toxicidade. É realizadaatravés
de uma sonda que é introduzida no reto, pela qual se administralentamente o
gás. (BOCCI, 2005)
O gás
ozônio quando no reto, se dissolve rapidamente na água luminal, ele não é
absorvido, reagindo uma parte com mucoproteínas da mucosa, outra reagecom
material fecal e enfim o restante pode ser reduzido por antioxidantes. OsLOPs
resultantes das reações são absorvidos pela muscular da mucosa, indo para circulação
linfática e capilares venosos. Portanto em casos de patologias crônicas nos
membros, os efeitos da insuflação retal tornam-se equivalentes a autohemoterapia
maior. (BOCCI, 2005)
O ideal
antes de realizar a insuflação retal de ozônio é realizar um enema ou até
mesmo defecar, esvaziando a ampola retal. A concentração de ozônio é importante
para induzir reações locais e gerais, não podendo exceder 40 mcg/ ml, pois
acima desta geralmente acarreta prejuízos locais, danificando os enterócitos,não
podendo ainda desconsiderar os efeitos mutagênicos do gás ozônio. Concentrações
elevadas, de 70-80 mcg/ml só devem ser usadas em casos de colites ulcerativas
hemorrágicas com intuito de hemostasia. (BOCCI, 2005)
Os
efeitos da insuflação retal no organismo são: aumento das enzimas antioxidantes
do fígado e rim, aumento da ativação linfocitária intra-hepática, ação imunoestimulante,
mantém o equilíbrio da flora intestinal, além de outros. (BOCCI,2005)
A
grande vantagem desta forma de ozonioterapia é que pode ser diariamente
realizada em casa sem nenhum auxílio, principalmente nos casos crônicos.
A desvantagem deste tratamento é que não conseguimos saber a quantidade
da dose aplicada que fará efeito, já que o ozônio reage com as fezes além de
outras interferências (BOCCI, 2005).
Autohemoterapia menor
É uma
ozonioterapia de fácil aplicação, atóxica e de baixo custo, que quando
aplicada corretamente não provoca efeitos colaterais com excelentes resultados
para certas enfermidades. Para a realização desta, coleta-se em uma seringa um
volume de sangue do paciente e um volume igual de ozônio em concentração
adequada para o paciente e para a enfermidade, misturando bem, fazemos então a
administração intramuscular ou subcutânea. Sendo considerada uma vacina.
(BOCCI, 2005)
Autohemoterapia maior
O
tratamento através desta via consiste na retirada de um volume de sangue adequado
do indivíduo, utilizando bolsas de transfusão de silicone com anticoagulante
(citrato de sódio), aplica-se o ozônio dentro desta, deve-se homogeneizar
por pelo menos 5 minutos e realizar a infusão desta mistura por via endovenosa.
(BOCCI, 2005)
O
volume necessário de sangue a ser coletado, depende do peso e sexo do indivíduo,
do estágio e do tipo de enfermidade a ser tratada. (BOCCI, 2005)
A
duração do tratamento, assim como o intervalo de cada aplicação, varia de
acordo com a patologia e do estado em que o paciente se encontra. (BOCCI,2005)
Dentre
os possíveis efeitos biológicos provocados pela autohemoterapia
maior
ozonizada pode-se exemplificar a diminuição da fibrinogenemia e do colesterol
no plasma, aumento da glicólise, do ATP, do 2-3 difosfoglicerato e da disponibilidade
do oxigênio, com redução na taxa de sedimentação dos eritrócitos, manutenção
da pressão arterial e queda da pressão venosa. Nas plaquetas podese observar
aumento de fatores de crescimento como TGFβ e PDGF. Nos leucócitos pode-se
observar aumento do PGE2. (BOCCI, 1996).
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