Efeitos
antibacterianos de um novo medicamento - o óleo ozonizado - comparados às
pastas de hidróxido de cálcio. PARTE 4 (4/4)
ISSN 00347272
Matéria
publicada pela: ozoniobras
O hidróxido
de cálcio associado ao PMCC e à glicerina apresenta pronunciada eficácia
antibacteriana, como tem sido demonstrado por diversos trabalhos (18,19,21).
Para SIQUEIRA et ai (20), nesta associação, o hidróxido de cálcio funciona como
veículo, permitindo uma liberação lenta e controlada de PMCC para o meio, o
suficiente para ter ação contra bactérias localizadas em áreas mais distantes
da luz do canal principal. Isto é importante pois o PMCC na forma pura é
extremamente citotóxico. Contudo, esta associação é biocompanvel quando em contato
com os tecidos perirradiculares (17). A glicerina associada dilui a
concentração do paramonodorofenol existente no paramonodorofenol canforado.
Abiocompatibilidade da assodação H/P/G pode ser devido ao fato de que os efeitos
sobre os tecidos perirradiculares sejam provavelmente associados ao efeito
antimicrobiano da pasta, o qual permite que o reparo natural ocorra sem
irritação infeciosa persistente. Se a área da ferida estiver isenta de
micro organismos, quando a irritação química de baixa intensidade e transitória
ocorrer, não há razões para se acreditar que o reparo tecidual não irá ocorrer,
quando tal agressão for reduzida em intensidade (quando da remoção da
medicação) (17).
No presente
estudo, a associação do hidróxido de caldo, com volumes iguais de PMCC e
glicerina, apresentou, em média, halos de inibição significativamente maiores
do que a proporção 1:2 das mencionadas substâncias. Isto ratifica o fato de que a
atividade antibacteriana da associação é proporcional à concentração de PMC
existente (21).
O óleo de
girassol ozonizado foi o medicamento que apresentou maior halo de inibição de
crescimento bacteriano. Estudos também revelaram resulta- dos satisfatórios
quando o óleo ozoniza- do foi submetido a testes de toxidade, tais como LD 50
(oral e intra-peritoneal), irritação oftálmica e dérmica e foto- toxidade,
além dos ensaios de teratogenicidade e mutagenicidade(3,11,14).
O óleo de
girassol é rico em ácidos linoléico e oléico, que possuem ligações duplas em maior
proporção na posição nove da cadeia carbônica. Estas ligações apresentam alta
afinidade pelo ozônio. A ozonização dos ácidos insaturados (linoléico e oléico)
do óleo de girassol forma os ozonídeos. A hidrólise do óleo ozonizado pode
gerar aldeídos, cetonas e peróxido de hidrogênio (25).
Embora não
seja um radical livre, o peróxido de hidrogénio se comporta como tal. Ele atua
como oxidante por gerar radicais hidroxila, os quais atacam componentes
celulares essenciais, como lipídios, proteínas e áddos nudéicos. Assim, seu
efeito antimicrobiano pode se dar ao nível de membrana cistoplasmática bacteriana,
por oxidação de enzimas e por danos ao DNA (7). Aldeídos possuem atividade
antimicrobiana, de- vido à indução de ligações cruzadas em proteínas, inibindo
vários sistemas enzimáticos essenciais para a sobrevivência da célula. Sua
atividade antibacteriana também pode ser resultado do efeito alquilante sobre
carboxilas, sulfidrilas e hidroxilas, presentes em ácidos nudéicos e/ou proteínas.
Ácidos graxos insaturados possuem efeitos antimicrobianos, os quais podem ser
devido à incorporação na membrana cistoplasmática, induzindo perturbações
estruturais letais, por romperem a integridade da membrana e permitir o
vazamento de constituintes intracelulares, além de inibir a aquisição de
substrato (aminoácidos) (15). As- sim, a atividade antimicrobiana do óleo de
girassol ozonizado pode resultar da ação de aldeídos, ácidos graxos insaturados
e, principalmente, do peróxido de hidrogênio formado.
Outro
mecanismo de ação proposto para o óleo ozonizado é baseado no paradoxo da
participação do oxigênio nas funções vitais, pois, apesar do oxigênio ser
fundamental para algumas células e alguns tipos de microorganismos (principalmente
no metabolismo energético), para outras, desprovidas de sistemas de proteção
anti-oxidante, este pode apresentar efeitos letais (22). Mesmo para os
microorganismos que possuem tais sistemas, o excesso de oxigênio e de seus
derivados pode também ser alta- mente lesivo. Tal fato poderia explicar a
susceptibilidade de bactérias anaeróbias estritas testadas neste experimento.
Destarte, o óleo ozonizado apresentou excelente atividade
antimicrobiana quando comparado com as demais substâncias testadas. Tais
achados geram um potencial para a sua utilização como medicação intracanal.
Todavia, outros estudos, avaliando biocompatibilidade, tempo de atuação e
propriedades físico- químicas, além do teste de uso, são necessários para que
esta substância seja efetivamente indicada para uso clínico. Estudos de nossos
laboratórios encontram-se em andamento tencionando avaliar muitas destas
propriedades.
Tabelai-
Diâmetros dos halos de inibição do crescimento bacteriano dos medicamentos
testados (em milímetros).
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